quinta-feira, 20 de agosto de 2009

MANFRED SYMPHONY



Infelizmente não encontrei praticamente nada sobre essa obra em meus livros. Nada além da informação, constante no Dicionário grove de música (Rio de Janeiro: Zahar, 1994, p. 934) – edição concisa, por favor; o original tem 20 volumes, simplesmente não tenho nem espaço pra uma coisa dessas aqui no meu barraco – de que Tchaikovsky a compôs em 1884, estimulado por Balakirev e baseado em Byron (o que, aliás, é indicado na própria partitura). Mas, particularmente, gosto muito do 2º movimento – vivace com spirito – e, principalmente, do 3º movimento (pastoral) – andante com moto. Na verdade, aprecio a sinfonia toda.


Carpeaux, a quem sempre recorro nessas horas, detestava Tchaikovsky. Ao ler o livro dele, me sinto um idiota, simplesmente, por gostar de Tchaikovsky. Nem vou transcrever aqui, ao menos agora, todas as barbaridades que ele diz em sua história da música (sobre Tchaikovsky, claro), mas só um trechinho, para exemplificar:


Tchaikovsky foi adversário do nacionalismo dos “Cinco”. Embora amigo pessoal de Balakirev e Rimsky-Korsakov, desprezava-lhes as obras; desprezava Mussorgsky e combatia as teorias nacionalistas de Cui. Esperava a salvação da música russa pelos contatos com o Ocidente. Mas suas opiniões sobre a música ocidental eram das mais estranhas: Bach é “um bom compositor, mas não é um gênio”; Haendel é “compositor de quarta categoria”; de Beethoven só gostava das obras da mocidade, achando as outras obras “caóticas”; Brahms seria “uma mediocridade arrogante”; Wagner lhe inspirava “tédio infinito”. Opiniões grotescas, que têm, porém o mérito da sinceridade. Seu ídolo era Mozart. Mas quem detesta assim toda outra grande música, não compreende bem o mestre de Salzburg; só vê a superfície elegante e agradável de um compositor do Rococó. Realmente, o entusiasmo de Tchaikovsky por Mozart andava acompanhado de entusiasmo quase igual pela música dos bailados de Delibes. Na verdade, Tchaikovsky foi um eclético sem profundidade. Ignorava por completo a polifonia (NOTA: quanta maldade...). Daria um bom compositor de óperas à maneira antiga. (CARPEAUX, Otto Maria. Uma nova história da música. 3ª ed. Rio de Janeiro: Alhambra, 1977, p. 202).


Tem uns outros trechos que depois, quando for postar mais coisa dele, eu transcrevo. Incrível: ele é um compositor muito conhecido, mas pouca coisa se fala dele, das obras dele (à exceção, talvez, da sinfonie pathétique) além dos problemas pessoais etc. Mas deu pra perceber que o Carpeaux, definitivamente, não achava Tchaikovsky grandes coisas. Nem musical, nem muito menos pessoalmente.


Ainda que o que eu ache ou deixe de achar não mude em nada a situação, simplesmente gosto de Tchaikovsky (bela adormecida, sinfonia patética etc.) e, se Deus assim mo permitir, ainda postarei mais coisas dele aqui. Com todo o respeito ao mestre Carpeaux, entendendo inclusive sua posição, acho que se ele – Carpeaux – ouvisse a, por assim dizer, “musicalidade atual” haveria de convir que, comparativamente, Tchaikovsky não é tão mal assim. O cara tinha problemas, pô. Problemas mentais, sexuais, sei lá mais o que. Era o maior esquisitão. Mas, mesmo assim, para o meu gosto, compôs alguns momentos belíssimos, especialmente os movimentos lentos de suas peças sinfônicas (pra quem ainda não percebeu, só estou postando música sinfônica – lixo pop aqui não entra).


É isso. Se ainda não conhece essa obra, ouça-a e tire suas próprias conclusões. Talvez, como diz o Carpeaux, de tanto eu ouvir o Tchaikovsky já esteja com o gosto musical irremediavelmente prejudicado (CARPEAUX, ob. cit., p. 203).


http://www.mediafire.com/download.php?nky30qywvki


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