sábado, 15 de agosto de 2009

SYMPHONIE FANTASTIQUE


Na Sinfonia Fantástica, Berlioz oferece ao ouvinte um programa (ou tema não musical) - intitulado Episódio da Vida de um Artista - que descreve as sensações de um "jovem poeta possuído por uma onda de paixão". No desespero de encontrar a amada, consome ópio, e as alucinações resultantes da experiência são contadas nos cinco movimentos que integram a composição. Berlioz, dessa forma, desobedece à estrutura formal da sinfonia ao acrescentar um movimento, o que não era comum até então, e inaugura uma música programática totalmente instrumental. Como o próprio francês gostava de frisar, a existência do tema não musical é indispensável para a total compreensão do plano dramático da obra. Mais do que qualquer outro compositor, Berlioz escrevia música estimulado por impressões literárias (Bravo! especial: 100 obras essenciais da música erudita. São Paulo: Ed. Abril, set. 2008, p. 56).

Suas anotações para o concerto (sic) descreviam um jovem músico de grande sensibilidade e imaginação, desesperado por um amor não correspondido. O ópio mergulha-o num sono profundo acompanhado por visões extraordinárias.

RÊVERIES PASSIONS (16:00) Indo da calma e melancolia à paixão e ao desespero, o artista lembra o tempo antes do amor e, depois, seu efeito delirante e consolação religiosa.

UN BAL (6:00) Uma brilhante e suntuosa valsa é dramaticamente interrompida enquanto o tema da bem-amada é repetido.

SCÉNE AUX CHAMPS (17:00) Músicos fora do palco evocam remotos pastores tocando gaita de foles. Quando a melancolia do artista aproxima-o da serenidade, a bem-amada lhe reaparece e ao longe soam trovões.

MARCHE AU SUPPLICE (7:00) Ao ranger dos metais e madeiras, ele é condenado à morte pelo assassino de sua amada. Ouvimos seu tema plangente, a lâmina descer e a multidão delirar.

SONGE D'UNE NUIT DU SABBAT (10:00) Grotescamente parodiada, a bem-amada junta-se à orgia demoníaca enquanto o antigo cantochão "Dies irae" é entoado e envolvido pelo repique de sinos (BURROWS, John [et al.]. Guia ilustrado Zahar música clássica. 3ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008, p. 183).

A vida de Hector Berlioz (1803-1869) foi um romance tempestuoso com desfecho melancólico. Sempre foi rebelde contra o mundo que não o compreendia. (...) Rebelou-se contra os hábitos da vida musical parisiense de então, estreando com uma obra sinfônica, a Symphonie Fantastique: um "romance erótico em sons musicais", colossal declaração de amor à atriz inglesa Harriet Smithson, que, infelizmente, aceitou a proposta de casamento. (...)

A Symphonie Fantastique (1830), romance musical alta e fantasticamente romântico, tem os defeitos, mas também a energia e frescura juvenil de uma obra de mocidade. É desigual: só o movimento lento, a "Cena dos Campos", satisfaz a todas as exigências; a "Marcha ao Patíbulo", que já foi censurada como atentado ao bom gosto, é uma combinação, única na literatura musical, do realismo mais crasso e de atmosfera de sonho, de pesadelo. (...)

Berlioz foi homem de muitas idéias. Sua capacidade de invenção melódica é admirável. Mas é mais admirável o aproveitamento dessas idéias musicais na instrumentação. Entre todos os compositores, grandes ou notáveis, de todos os tempos foi Berlioz o único que não dominava o piano nem o violino nem qualquer outro instrumento. Seu instrumento foi a orquestra inteira. Renovou ou antes revolucionou a arte técnica da instrumentação. (...)

Berlioz foi um dos compositores que exerceram, em todo o século XIX, a mais vasta influência. Mas ficou isolado. Esse grande individualista não teve alunos nem discípulos (CARPEAUX, Otto Maria. Uma nova história da música. 3ª ed. Rio de Janeiro: Alhambra, 1977, pp. 179-182).


http://www.mediafire.com/download.php?ozaxyzjijrj

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