quinta-feira, 15 de outubro de 2009

STRAVINSKY



Já se foi o tempo em que Johann Sebastian Bach fazia uma longa viagem a pé para ouvir Buxtehude. Hoje, o rádio faz a música invadir os lares a todas as horas do dia ou da noite. Poupa o ouvinte de qualquer esforço que não seja o de girar o botão. Ora, o sentido musical não pode ser adquirido ou desenvolvido sem exercício. Em música, como em tudo o mais, a inatividade leva pouco a pouco à paralisia, à atrofia das faculdades. Entendida dessa maneira, a música se transforma numa espécie de droga que, longe de estimular a mente, só consegue paralisá-la e embotá-la. Assim, ocorre que o próprio esforço de fazer as pessoas gostarem de música, proporcionando-lhes uma oferta cada vez mais vasta, muitas vezes não faz senão essas pessoas perderem o seu apetite pela música para a qual se pretendia despertar o interesse e o gosto.
(STRAVINSKY, Igor. Poética musical em 6 lições. Tradução de Luiz Paulo Horta. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996, pp. 121-122)




L´Oiseau de Feu, Feu d´artifice & Quatre Etudes pour Orchestre

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Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução